quarta-feira, setembro 19

Who wants to live forever?

"Amo-te, mas precisava de ter a certeza que nunca mais me deixarias", disse ele após tomar os comprimidos que iriam terminar com 27 anos de tristezas, alegrias, mas sobretudo muita vida que espalhava em cada pessoa que se cruzava por este ou aquele motivo com ele. Ela aterrorizada tentou com o seu choro trazê-lo de volta, depois de tantas facadas que lhe tinha dado durante a relação tinha chegado finalmente o dia em que se iria entregar a ele em definitivo, as loucuras da juventude deixava para trás e preparava-se para o abraçar até à eternidade. Porquê? Pensou ela quando ele tombou inanimado no hall de entrada.

Luta, estava cansado de lutar, estava cansado de se deitar todos os dias questionando se ela pensava nele ao deitar, ao acordar, em qualquer momento do dia que fosse... Dizem que o amor dá forças para lutar, que tudo vale na guerra e no amor, mas ele já não tinha forças, trazia com ele a mágoa de muitas noites e sabia que não poderia olhar para ela todos os dias sem pensar nas feridas que ainda latejavam em cada momento de incerteza que o atormentava.

Cobardia na perspectiva de muitos, terminar com a vida assume-se num fim inglório, na recordação que irá perdurar daquela pessoa que não foi corajosa ao ponto de enfrentar os problemas que a atormentavam.

Fantasmas, que nunca a iriam abandonar, amavam-se mutuamente mas as suas incertezas fizeram com que fosse ela mesma a viver o resto da sua vida a pensar naquele momento.

Ao tomar a sua decisão ele não pensou na estranha forma de vingança em que se iria tornar a sua morte, nunca quis que ela fosse infeliz, afinal ele amava-a...

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